segunda-feira, 31 de março de 2008

Web 2.0, 3.0, 4.0 e Gutenberg.


Eu sei que esse post pode acabar comprando briga com uma pá de gente.

Espero que não, mas é um assunto que não posso deixar de tratar.
O deslumbramento com os meios digitais me preocupa.
Talvez seja apenas um período natural de euforia, um quarteirão
na extensa avenida do tempo. Mas essa possibilidade não me tranqüiliza.

Não sou um nostálgico, muito menos um saudosista da velha Olivetti.
Pelo contrário, estou escrevendo em um blog, já tive um site, sou membro do youtube, orkut, MySpace, blogger, twitter, del.icio. us e sendo assim, possuo uma notável coleção de logins e senhas. Haja memória!

O que me preocupa é a sedução do meio em detrimento da mensagem. No século XV, um alemão popularmente chamado de Gutenberg, inventou os tipos móveis de chumbo fundido, e revolucionou a reprodução dos livros, levando a conseqüente massificação do conhecimento.

Se eu estivesse lá, naquela época, esse meu temor de hoje seria de que todas as atenções se voltassem para as máquinas de impressão e não para o conteúdo dos livros. Eu temeria que se pensasse apenas no estudo e desenvolvimento de prensas e bibliotecas, esquecendo-se completamente da qualidade literária, da formação de autores, ilustradores, poetas, jornalistas. Ainda bem que isso não aconteceu e não sofri em minha vida passada.

Web 2.0, 3.0, 4.0 e assim por diante, conceitos tão fáceis de se explicar quanto de se complicar, se multiplicam em questão de meses. Palestras, livros, debates e conferências brotam todos os dias. Isso me lembra uma certa bolha de 2000.

Enfim, é natural que o desenvolvimento tecnológico nos traga novos suportes e meios de comunicação. Isso é positivo, e assim como a prensa mecânica em sua época, democratiza e distribui o poder da informação.

Só espero que características como a redução do índice de livros per capita no Brasil não se encontre com essa sedução - quase adoração - pelos novos meios digitais. Isso sim, seria um cenário desastroso. Uma geração com diversos canais de comunicação a seu dispor, mas sem produzir conteúdo relevante para transmitir por eles.

Bom, já ficou claro o meu alerta. Longa vida ao meio, e claro, à mensagem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Exelente observação a do Fernando.
Se ele tem dúvidas sobre o que vai prevalecer no futuro, se é o meio ou a mensagem, eu estou pessimista quanto à hipótese que já escolhi. Já a tempo reparo nos filmes em que os efeitos especias prevalecem sobre a narrativa, nos "músicos" que usam a fácil proliferação que os meios permitem para difundir atitudes que causam momentânea histeria em detrimento à boa música, nos realities shows da mediocridade.
Os livros passaram pelo filtro das elites e para acessá - los era preciso se transformar em elite, se esforçar, competir. Os novos meios eliminaram o caminho do conhecimento. Agora todos são autores e todos lêem suas própria besteiras sem passar pelo filtro do confronto de idéias.