Lá na minha outra vida de publicitária, quando eu era redatora, vivi alguns dramas com a sagrada língua portuguesa. Lembro bem que o primeiro deles foi com o bendito "tele", aquele do tele-entrega.
Encasquetei com o hífen e resolvi investigar. Eis que descobri: de acordo com o manual de redação do jornal O Estado de São Paulo e com a Telegramática, o Brasil inteiro se engana na hora de grafar o serviço de entrega a partir do pedido via telefone. Segundo as autoridades, o correto é "telentrega" ou "teleentrega", como preferir.
É lógico que não poderia ser tão simples assim: Dr. Moreno, nosso novo pop star para assuntos da vernácula, diz que a aglutinação não faz sentido, já que o "tele" da entrega se refere a uma redução de "telefone", e não ao próprio prefixo "tele", que significa "ao longe". Dor de cabeça: preferi ficar com a primeira opção.
A bruxa não morreu: veio me visitar quando eu fiz o conteúdo das embalagens de café Sasse. Meu objeto de estudo passou a ser o "extraforte". É isso aí: tudo junto. E desta vez, não havia ninguém pra dizer o contrário, a não ser pela embalagem da líder Melitta. Lá estava o hífen grandão, gargalhando sorrateiro. Com a gramática embaixo do braço, segui com fé no "extraforte". Os grãozinhos não me deixaram escapar tão fácil. Lá estava o café espresso. Sim, eSpresso, com "esse", porque o café não é expresso de rápido, mas espresso porque é tirado sob pressão.
Consegui sobreviver a tudo isso, mas confesso que quase tive um treco na semana passada. Um redator da agência me perguntou como se escrevia mussarela. M-U-S-S-A-R-E-L-A, certo? ERRADO. Conforme todos os nossos dicionários, a grafia correta é "muçarela". Doeu? Pode apostar que sim. Espiamos todas as embalagens que encontramos na internet e a duplinha SS estava lá, da pizza à embalagem de queijo fatiado.
Coçamos as cabeças, tínhamos as narinas dilatadas. Muçarela? Não ia dar. Nos rendemos à maré e agarramos a mussarela pelos cabelos.
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