terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Saindo do quadrado

Abra qualquer revista, site, jornal, newsletter ou programa de publicidade e marketing. Você vai dar de cara com letras garrafais gritantes: O MEIO DIGITAL É O FUTURO DA COMUNICAÇÃO ou O FUTURO DA COMUNICAÇÃO CHEGOU ou qualquer outro título que tenha as palavras CONSUMIDOR e WEB 2.0.

O meio digital é o futuro da comunicação? Não é. O meio digital é uma ferramenta sem igual? É. O futuro não é fazer sites. O futuro é gerar experiências de marca em multiplataformas. Por quê? Porque as pessoas não são avatares do Second Life. As pessoas (aquelas, os consumidores) acordam, comem, trabalham, pegam ônibus, adoecem, dão gargalhadas, compram palitos de dentes, fazem sexo, vão à terapia, sentem medo, dançam, engordam.

E o meio digital? Serve como um novo canal que segmenta e agrupa pessoas com afinidades em comum; proporciona customização maior que os outros meios; dá mais liberdade aos formatos de mensagem; tem baixo custo de disseminação; chama as pessoas (sim, aquelas que pagam a conta) para participar de todo o processo: o que torna as experiências ainda mais efetivas e verdadeiras.

Então a televisão, o rádio, o jornal e todo o resto deixam de existir, certo? Errado. Algumas pessoas ainda vão continuar assistindo televisão. Outras continuarão a ler o jornal de papel. Algumas até ouvirão o bom e velho rádio. A diferença é que agora os meios de comunicação de massa deixam de atingir alguns segmentos/nichos/clusters, porque estes estão conectados a outros tipos de meios. Todo mundo vai ter que rebolar: o planejamento, a mídia, a produção, a criação e os donos das agências.

E esse é o grande ponto da questão. A maioria das agências vestiu a camiseta da comunicação total, comunicação integrada, comunicação 360°, multicomunicação. A maioria das agências mudou a roupagem do discurso: de "soluções inteligentes em comunicação" para "a gente faz-de-tudo/resolve/pensa/inova". É aquele papinho de amigo que dá tapinha nas costas "não importa onde o seu consumidor estiver, vamos estar lá" que não sai do anúncio de revista. Isso me incomoda? Muito.

A tecnologia existe, é barata e acessível (tão acessível que os próprios consumidores estão saindo na frente com seus blogs, vídeos, podcasts, canais, fóruns e redes sociais), mas as agências estão ficando para trás porque estão fechadas. Protegem suas contas e respectivas verbas dos pescoçudos da assessoria de imprensa, produtoras de web, consultorias de marketing, relações públicas, empresas de promoção.

Se eu fosse cliente, contrataria uma empresa que me auxiliasse a construir e posicionar minha marca. Que me apresentasse soluções pró-ativas e vias de encantar meus clientes, seja com um brinde revolucionário, uma convenção de vendas, um treinamento para a minha equipe de vendas, um catálogo, um show, um viral ou um anúncio de televisão. A comunicação é maior que os planos de mídia. As pessoas são mais inteligentes que as estatísticas. Os clientes estão cansados de tanto power point e eu estou cada vez mais certa de que a resposta está nas pessoas (aquelas) e na forma como interagimos com elas.

* copiado e colado do Verde Velma.

Nenhum comentário: